quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Alem do sintoma


Adoeceu! De repente, um sintoma irrompe e fragiliza o corpo.

Nada demais, simplesmente aconteceu...

A cabeça doe, o corpo reclama, parece que algo se esgotou, se entregou e deu trégua.

A trégua do barulho de mim mesmo, aquele que sustenta a minha mentira, minha falsidade ideológica.

Minha imagem como um documento sem rasuras e nem borrões. O que se vê parece verdadeiro. Todavia, nesse caso, aquilo que está dentro do documento é o que denuncia sua (não)originalidade.

Porque falsa é a idéia que ele contém.

O sintoma denota essa falha! Irrompe devastando a integridade do corpo.

O mundo fantasiado, falseado, a máscara da existência claudicou e caiu.

O conflito dos dois mundos.

Conflito do desejo.

Entre aquilo que se deseja e o que não se pode desejar.

O desejo que se realiza parece que é pequeno perto daquele que é irealizado.

E assim, o corpo sinaliza para avisar que algo não está mais dando certo, não está mais funcionando.

O corpo termina estampando, fazendo a denúncia do desejo.

Se expressando como um hieróglifo a ser decifrado a partir do sintoma.

E nesse percurso, de desejo em desejo, não se surpreenda, haverá sempre um sintoma.
Roseane Farias