Adoeceu! De repente, um sintoma irrompe e fragiliza o corpo.
Nada demais, simplesmente aconteceu...
A cabeça doe, o corpo reclama, parece que algo se esgotou, se entregou e deu trégua.
A trégua do barulho de mim mesmo, aquele que sustenta a minha mentira, minha falsidade ideológica.
Minha imagem como um documento sem rasuras e nem borrões. O que se vê parece verdadeiro. Todavia, nesse caso, aquilo que está dentro do documento é o que denuncia sua (não)originalidade.
Porque falsa é a idéia que ele contém.
O sintoma denota essa falha! Irrompe devastando a integridade do corpo.
O mundo fantasiado, falseado, a máscara da existência claudicou e caiu.
O conflito dos dois mundos.
Conflito do desejo.
Entre aquilo que se deseja e o que não se pode desejar.
O desejo que se realiza parece que é pequeno perto daquele que é irealizado.
E assim, o corpo sinaliza para avisar que algo não está mais dando certo, não está mais funcionando.
O corpo termina estampando, fazendo a denúncia do desejo.
Se expressando como um hieróglifo a ser decifrado a partir do sintoma.
E nesse percurso, de desejo em desejo, não se surpreenda, haverá sempre um sintoma.
Roseane Farias
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