sábado, 4 de maio de 2013

Por que mãe e pai marcam tanto? Um registro indelével, uma impressão a ferro em brasa.
Mas aquilo que marca também fere, machuca.
E pai e mãe não presumem o quanto têm força nisso.
Aquelas palavras duras, aquele olhar sem orgulho, por vezes desprezível...
Não era o filho que desejava ter?
O próprio fracasso estampado na sua criação?
Queria mais, mais alguma coisa que tamponasse a própria decepção.
Mas o que será custoso para esse filho entender é que nada disso tem a ver com ele.
Este só herdou os registros que marcaram as histórias de vida de cada um de seus pais.
"você não vai dar para nada"; "você não vai conseguir"; "você será um zé ninguém"; "você é o meu lado ruim"...
Estas declarações, sem muito esforço, terminarão se transformando em profecias na vida do filho, porque é muito difícil devolver palavras, desejos, construir um percurso sozinho sem a marca encorajadora daquele que se deseja orgulhar.
De repente, um dia, o filho acorda e percebe que se tornou aquilo que seu pai (ou sua mãe) proferiu.
O fracasso volta em mais uma geração.
E o filho vai procurar suas soluções.
Um novo olhar na figura de um marido, de uma esposa, de um professor, de um psicólogo...
Alguém que talvez consiga milagrosamente preencher uma falta impreenchível.
Um buraco fundo carregado de coisas caladas, de silêncios amordaçados, de pensamentos e sentimentos depreciativos a respeito de si mesmo.
Mas... há sempre um "mas".
Libertar o que cala, aquilo que impede o passo, o voo.
Falar é libertador.
Dar voz aquilo que aprisiona, que impede o passo adiante.
É uma esperança possível.
Avante!

Roseane Farias



2 comentários: